8.9.05

Uma noite de sonho e pesadelo anterior



Recebo o convite do casamento e entro em estado de choque. Cerimônia na Candelária as 20 horas seguido de festa na Ilha Fiscal com transporte efetuado por ônibus fretado.
Não acreditei quando li e não tive mais paz depois que li. Cai na célebre armadilha feminina: pronto, não tenho roupa para ir, o que faço?
Apelo para o pedido às amigas. Não deu certo. Uma magra demais, outra gorda demais, uma alta demais, outra tem um gosto bem diferente do meu. Que falta as irmãs fazem nesta hora. Lá na minha terrinha nunca passei por este sufoco, pois sempre no guarda-roupa de uma das 6 irmãs tinha um "sobresalente" para eu aproveitar nessas ocasiões.
Depois de horas e horas gastas em pensar em possibilidades de combinar meus trapos, compor isto com aquilo, jogar isto em cima daquilo, tirar um pedaço deste e colocar naquele.... nenhum resultado.
Decido então: não vou ao casamento. Dura pouco esta decisão, porque logo me pergunto: como não vou? Nunca fui na igreja da Candelária e nem na Ilha Fiscal. Vou perder a oportunidade de uma boca livre dessa com direito a todas essas mordomias? Ah, num vou mesmo.
Lembrei-me então de uma das minhas 1.985.843 vezes pelo Saara. Sei que vi uma loja que vende vestidos lindos de festa e deve di ser barato, afinal é Saara, gente!
Saio eu então rumo a peregrinação Saarística. Mas antes, já que não sou boba nem nada, planejo direitinho o roteiro, pois só tenho 2 horas para o meu achado: a "chave" para poder ir ao casamento faraônico.
Traçei um mapa mental do Saara e começei minha caminhada, cabeça virando prum lado e pro outro enquadrinhando todas as vitrines das lojas para descobrir a que tinha roupa de festa. Depois de 30 minutos caminhando e já tendo andado por 3 ou 4 ruas encontrei uma. Meu coração disparou de emoção. Parecia que havia encontrato um tesouro.
Entrei, olhei os modelitos e, principalmente, os preços, anotei tudo num caderno e sai. No estado de dureza que me encontro tinha que pesquisar mais possibilidades de comprar mais com menos.
E dá-lhe a andar. As pernas não aguentavam mais, porém eu estava obstinada e segui adiante. Acabei andando praticamente todo o centro da cidade, a passos rápidos, e cabeça virando de um lado para o outro mais rápido ainda, para não perder nenhuma loja de vista.
Entrei numas 8 lojas e sai de cada uma delas cada vez mais desanimada. A cada minuto que passava, parecia que era impossível fazer a aquisição da "chave". Até que no limite das 2 horas disponíveis não tive outra saída a não ser voltar pro ponto de partida: a primeira loja.
Quando lá cheguei a vendedora, muito atenciosa, por sinal, me levou para o final da loja e meu queixo quase caiu, meus olhos ficaram vidrados e meu coração parecia que ia saltar pela boca.
Ultrapassei o limite de mais 2 horas, garimpando nas araras e depois no provador, a bom vestir e tirar vestidos.
Não bastasse mais nada entrei numa crise de indecisão: o vermelho? o azul? o preto? ou o laranja? Daí apelei. Sai da cabine e, que nem uma louca, saí perguntando pra todo mundo que lá estava: ei, pode dar sua opinião de qual ficou melhor em mim?
De posse da opinião quase unâmine de que o AZUL era o melhor, saí eu mais do que feliz, porque além de melhor era o MAIS BARATO. Além disso tudo, estava me sentindo a verdadeira Cinderela no dia do baile do principe, pois o vestido é mesmo lindo demais.
Enfim chegou o dia do casamento e me dediquei a toda uma produção cujo resultado foi M A R A V I L H O S O.
Fiquei linda!
Só foi uma pena por que a Lei de Murphi decidiu dar sinal de vida e nenhuma foto ficou boa.
O casamento foi lindo e prá variar eu me emocionei e chorei. Não sei porque cerimônias de casamento me emocionam tanto.
A festa foi mais maravilhosa ainda e a Ilha Fiscal é um lugar mágico e lindo de morrer. Uma hora fiquei apreciando a torre, que tem um relógio da época que a construção foi feita e que funciona até hoje e viajei imaginando as festas que já rolaram alí e que só sei delas pela história do país ou passando os olhos em revistas.
Cheguei a me arrepiar de tanta emoção.

Um pouco de informação sobre A Ilha Fiscal:
Disputada no século XIX pelos ministérios da Marinha e da Fazenda - o primeiro querendo instalar um posto de socorro marítimo e o segundo, um posto aduaneiro -, a então Ilha dos Ratos ficou sob a guarda da Fazenda. Em 1881, teve início a construção de um edifício dedicado à fiscalização alfandegária, com projeto assinado pelo engenheiro Adolpho José Del Vecchio. Pouco tempo depois, a ilha foi visitada por D. Pedro II. Conta-se que, encantado com a magnífica vista da baía, o Imperador considerou-a um "delicado estojo, digno de uma brilhante jóia". Del Vecchio, então, admirador do estilo gótico, projetou um castelo inspirado nas construções francesas do século XIV. O projeto recebeu Medalha de Ouro ao ser apresentado na exposição da Escola Imperial de Belas Artes. Em 27 de abril de 1889, a obra foi inaugurada com a presença do Imperador, utilizando-se no transporte a famosa Galeota Imperial, hoje exposta no Espaço Cultural da Marinha. Da construção, sobressaem o excepcional trabalho em cantaria, executado por Antônio Teixeira Ruiz, os mosaicos do piso do torreão, obra de Moreira de Carvalho, na qual foram utilizadas mais de uma dezena de espécies de madeira, além das belas agulhas fundidas por Manuel Joaquim Moreira. Também merecem destaque a pintura decorativa das paredes de autoria de Frederico Steckel, o relógio da torre e a magnífica coleção de vitrais importados da Inglaterra.
fonte Rio Tur





Comments:
Hum, passei pela mesma situação... manda o endereço da loja
Bjos
 
Angela, como é bom passear pelo Saara! Adorei a descrição "olhando prum lado e pro outro"... Quando a gente passa naquelas ruas têm que tem cuidado para não se disperçar do objetivo e cair em tentação!
Beijo, saudade!
 
Pois é, amigas
Vcs são mesmo enroladas. Se fosse um de nós, homens, com certeza teríamos comprado na primeira loja e economizado 1 hora e 45 min. Afinal, o tempo é um bem precioso, muitas vezes mais valioso que um punhado de reais. Nem que seja pra não fazer nada. Grande beijo.
 
Tomé,

Assim não tem graça nenhuma. O barato da coisa é a busca, as descobertas, a garimpagem. Só nós mulheres sabemos o prazer que isso dá.

bjs
 
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